Todo nascimento é um grande concerto.
15/02/2011
Carl Jung referiu-se ao processo de transformação da libido como rítmico. Vida é rítmo como verificamos na cadência dos batimentos cardíacos. O estudo de bebês dentro do útero mostra que a música clássica acalma o bebê. O bebê distingue ritmos sonoros e harmonias assim como tons, diferenciando sons mais graves e mais agudos. Nascemos com uma percepção musical primária.
Pensar , aprender e recordar são funções que se iniciam já no ventre materno. Especialmente a memória a longo prazo também se estabelece antes do nascimento.
O nascimento é um grande concerto com a Regência da maestrina ocitocina e o duo dos solistas mãe e bebê com o acompanhamento de todos os outros músicos ali presentes que deverão executar seus instrumentos sempre em harmonia com os colegas ( médicos, enfermeiros , auxiliares ) e o pai da criança que é a platéia participante com sua ressonância.
Esses descobrimentos médicos reafirmam a importância do estado emocional da mãe durante a gestação. O stress da mãe e seus efeitos fisiológicos atravessam a placenta e influem na saúde global do bebê. O bebê poderá perceber através de ondas sonoras refletidas no líquido amniótico alterações do som externo quando se realiza um ultrassom. Da mesma forma poderá perceber alterações no tom de voz de sua mãe. Poderá perceber alterações no ritmo respiratório de sua mãe e ouvirá os sons das funções vitais da mãe.
Para Fordham o bebê nasce com um pequeno self que lhe possibilita uma apreensão própria do mundo externo e de sua mãe. O Bebê constrói também o vínculo com sua mãe.
Para Fordham há um potencial de energia, um integrado, para cada indivíduo que contribui para a formação do ego consciente e das imagens arquetípicas inconscientes. Esse integrado de potencialidades é o Primary self que em contato com o ambiente deintegrará potencial arquetípico presente na unidade psico-soma.
Fordham postulou um self primário, que precede o ego na infância. É totalidade de psique e soma. É um sistema estrutural e dinâmico
![]() Esse post é um tributo à atriz Maria Schneider. Quem viveu sua juventude nos anos 70 não ficou ileso ao filme O Último Tango em Paris , considerado pela crítica da época , indecente e até pornográfico . A música de Gato Barbieri, o talento de Bertolucci e a interpretação de Marlon Brando e Maria Schneider nos brindaram com um filme que hoje pode ser considerado “fora de moda”tendo em vista a abertura ao debate e a informação sobre sexo veiculada pela mídia na contemporaneidade. Em entrevista concedida em 2001 a atriz relata que estudava línguas clássicas e que teve que entrar em conflito com sua mãe para fazer cinema. Essa era a realidade da época: moça de familia burguesa não fazia teatro ou cinema. Fazia letras. O movimento feminista ainda não estava se exercendo como verdadeira transformação. O filme contesta valores da familia patriarcal e da sociedade burguesa tais como: o casamento e os vários tipos de hierarquia baseados em sexo, idade, classe social. É uma crítica aos valores da doutrina católica quanto ao exercício da sexualidade e a desigualdade de poder na parceria conjugal. Parece dizer na cena do baile que quem dança fora das regras de salão é expulso de uma sociedade sem direitos concedidos às diferenças. Ser anônimo é uma forma idealizada pelo casal protagonista de buscar contatar o aspecto transgressor da alma. Fora das personas habituais procuram mergulhar no mais profundo de si mesmos , o que está por detrás da convenção, o que não tem limite, como nos disse Chico Buarque em sua música. Ele machucado pela vida, vê na parceira a possibilidade de refazer o sonho mas ela ainda imatura, não consegue transcender a defesa narcísica que a impede de amar algo que está para além do espelho. Agora ela é o pai militar , que mata a possibilidade da propria transformação no amante. Ao morrer, ele diz: “Nossos filhos irão ver.” Estamos vendo. Maria Schneider também foi vítima da desigualdade de gênero e do preconceito, como relata em sua entrevista. Ela não acabou. Essa desigualdade protagonizada anteriormente pela repressão materna contra a qual lutou , continuou, segundo a atriz, na falta de oportunidades na carreira.
Interview with Maria Schneider
|