Prenez soin de vous
31/08/2009
Finalmente fui ver a exposição de Sophie Calle no Sesc da Pompéia e foi um presente. Exposição muito bem montada , fazendo juz ao trabalho de Sophie. O ponto alto são os vídeos com as performances de algumas das mulheres para quem Sophie enviou o e-mail que recebeu de seu namorado rompendo a relação. Entre o patético, o cômico, o irônico, o “nonsense”, a raiva, a indiferença, a tristeza, até a cena expressiva de uma cacatua que repete a expressão : “cuide de você” várias vezes, além de algumas outras da carta . Poderia repetir qualquer frase que lhe fosse ensinada.
Todo mundo fala eu te amo como disse Woody Allen, e, no instante seguinte, no mesmo e-mail, cuide de você ( Prenez soin de vous). O vídeo mostra as múltiplas interpretações da carta e, principalmente, o que me parece importante é que dizer: cuide de você, é absolutamente desnecessário para quem vai embora. Estou indo embora mas o seu amor foi muito importante para mim ou algo semelhante. É diálogo de cacatua, repete frase feita. Não considera o outro.
O e-mail que Sophie Calle recebeu
28/08/2009
Há algum tempo venho querendo lhe escrever e responder ao seu último email. Ao mesmo tempo, me pareceria melhor conversar com você e dizer o que tenho a dizer em viva voz. Mas pelo menos será por escrito.
Como você pode ver, não tenho estado bem ultimamente. É como se não me reconhecesse na minha própria existência. Uma espécie de angústia terrível, contra a qual não posso fazer grande coisa, senão seguir adiante para superá-la, como sempre fiz. Quando nos conhecemos, você impôs uma condição: não ser a “quarta”. Eu mantive o meu compromisso : Há meses deixei de ver as “Outras’, não achando obviamente um meio de vê-las, sem fazer de você uma delas. Achei que isso bastasse; achei que amar você e o seu amor seriam suficientes para que a angústia que me faz sempre querer buscar outros horizontes e me impede de ser tranquilo e, sem dúvida, de ser simplesmente feliz e ‘generoso”, se aquietasse com o seu contato e na certeza de que o amor que você tem por mim foi o mais benéfico para mim, o mais benéfico que jamais tive, você sabe disso. achei que a escrita seria um remédio, que meu “desassossego” se dissolveria nela para encontrar você. Mas não. Estou pior ainda; não tenho condições sequer de lhe explicar o estado em que me encontro. Então, esta semana, comecei, a procurar as “outras”.
E sei bem o que isso significa para mim e em que tipo de ciclo estou entrando.
Jamais menti para você e não é agora que vou começar.
Houve uma outra regra que você impôs no início de nossa história: no dia em que deixássemos de ser amantes, seria inconcebível para você me ver novamente. Você sabe que essa imposição me parece desastrosa, injusta ( já que você ainda vê B., R., …) e compreensível (obviamente….); com isso, jamais poderia me tornar seu amigo.
Mas hoje, você pode avaliar a importância da minha decisão, uma vez que estou disposto a me curvar diante da sua vontade, pois deixar de ver você e de falar com você, de aprender o seu olhar sobre as coisas e os seres e a doçura com a qual você me trata são coisas das quais sentirei uma saudade infinita.
Aconteça o que acontecer, saiba que nunca deixarei de amar você da maneira que sempre amei desde que nos conhecemos, e esse amor se estenderá em mim e, tenho certeza, jamais morrerá. Mas hoje, seria a pior das farsas manter uma situação que você sabe tão bem quanto eu ter se tornado irremediável, mesmo com todo o amor que sentimos um pelo outro. E é justamente esse amor que me obriga a ser honesto com você mais uma vez, como última prova do que houve entre nós e que permanecerá único.
Gostaria que as coisas tivessem tomado um rumo diferente.
Cuide de você.
X
( Esse é o conteúdo integral do e-mail recebido por Sophie Calle de seu namorado encerrando o relacionamento que deu origem à sua iniciativa de convidar 107 mulheres , de acordo com sua profissão, para interpretar a carta do ponto de vista profissional. Analisá-la, comentá-la, dançá-la. Essa era uma forma de se dar um tempo para elaborar a perda e de seguir a risca a recomendação : Cuide de você.
Transcrevo a qui o e-mail com a idéia de continuar a reflexão. O que você sentiria se recebesse esse e-mail? Já recebeu algo semelhante? Já foi encerrado um relacionamento seu de forma parecida ? Deixe um comentário.
Mandala
26/08/2009
A mandala contém a quaternidade ou múltiplo de quatro ou círculo, sob a forma de cruz ou estrela, ou ainda do quadrado, ou octógono em uma ordenação concêntrica da multiplicidade desordenada dos elementos contraditórios e irreconciliáveis – que representa uma tentativa de autocura da natureza. Em linguagem mais simples, na mandala está representada a possibilidade de convivência dos opostos. As mandalas tibetanas feitas de areia simbolizam a efemeridade desse momento de síntese ou de não contradição na existência. Carl Gustav Jung assim também definiu o processo de individuação que ocorre durante toda a vida , que é sempre um devir e aponta para o mistério do inconsciente.
A mandala é um campo de energia onde o divino se constela.
Na India o humano e divino compartilham em princípio a mesma essência.
Narcisismo
22/08/2009
Cruzando as fronteiras de narciso,
Vi nascer a construção do belo.
Narciso jaz na busca de si mesmo,
Do belo que se constitui do gesto.
Fronteira tênue entre narciso e eco,
Próximos mas não identificados.
Flor de narciso bela e sempre igual,
A ecoar nua no pantanal.
Ao esculpir o belo ressuscitas,
A comunicação que ecoava no vazio.
Retornas àquele que perdera,
Na estética da alma, a auto-estima.
30 anos de Anistia
15/08/2009
Foto pintada por Marco Angeli
No ano de aniversário de 30 anos da publicação da Lei de Anistia, decretada em 28 de agosto de 1979, pelo então presidente João Batista Figueiredo, que deu, de acordo com a Organização das Nações Unidas, na página do Ministério da Justiça, “perdão” a todos os crimes considerados políticos cometidos durante o regime militar brasileiro, estudantes furaram bloqueio no Senado em Brasilia para protestar contra Sarney na entrada do Plenário e alguns são presos. Foram detidos para averiguação de uso indevido de crachás da casa. Isso me faz lembrar os motivos de prisão de 68.
O dono do crachá é o dono do cartório que é o dono do tabelião que é sobrinho do sr prefeito que é sogro do governador….com quem reclamar?
Gravidez na adolescência
13/08/2009
Gravidez na adolescência Relato enviado por uma leitora após leitura do meu Post sobre gravidez na adolescência.
“Não pense que só vai contecer com os outros, acontece sim com você também aos 14 anos de idade iniciei um namoro com um rapaz que morava na mesma rua da minha casa aos 15 anos eu tinha uma vida sexual, sem nenhum tipo de prevenção a não ser a famosa saidinha, onde o a ejaculação é feita fora da vagina,pois bem mantive essa mesma situação até que aos 18 anos minha menstruação falhou, mas como não era regulada achei normal no 2 mês, kd ela,e eu ali vivendo sem saber uma gravidez inão desejada . Quando estava para completar 3 meses fui interrogada pela minha mãe, fato esse que jamais vou esquecer, ela não me perguntou ela afirmou : _você esta
gravida né…. pensam vocês que me senti ofendida ? Fui fazer o exame só parac ontesta-la, para dizer que ela estava errada. As mães erram também, e eu estava cometendo o meu primeiro erro: subestimar o presentimento de mãe, fiz o exame pela manhã e a tarde busquei o resultado,beta Hcg ,esse era o exame e quando abri dei de cara com uma cegonha carregando em seu bico um saco (embrulho)com a seguinte frase positivo…quase morri aquele exame só podia estar errado afinal eu nãosenti nada enjôos, tontura, fome, nada absolutamente nada, e outra , sempre transei desse jeito e nada nunca aconteceu, minha amiga que me acompanhava disse ( J ) enfrente a situação você esta gravida, Fui para um outro mundo e voltei na ocasião meu namoro não estava bem, foi a pior fase para se engravidar contei a ele que ficou pior que eu,meu pai ficou doente acreditam mal olhava em meusolhos, me separei do pai do meu filho conversei com minha mãe e disse a ela quenão poderia viver uma situação onde eu acreditava ser obrigada a estar ali,eu e ele não existia mas… no dia 7 de outubro meu filho nasceu foi um dia muito confuso para mim, uma morte um nascimento parte de minha vida acabaria ali e uma outra estava diante dos meus olhos em meus braços passei por diversas situações até me encontrar sentia o olhar de reprova da minha mãe, ela se colocava em minha frente dava os remedios,banhos, trocava aquilo me encomodava alias era meu filho… brigamos muito olha a meia dele tá suja,o babador tá molhado,ta frio pra essa roupa,ta calor pra essa roupa,
que ódio aquilo me dava mas o tempo passou e eu aprendi muito meu pai hoje é apaixonado pelo meu filho, ama de verdade minha mãe então nem se fala, o pai dele é presente em sua vida muito até demais,e eu onsegui meu espaço trabalho e namoro a 3 anos, penso nele em tudo que faço, hoje meu bebe tem 8 anos vai a escola, Faz futebol,saudavel e lindomesmo e com a vitória deixei de vivenciar muitas coisas por ele, como umafaculdade viagens com amigas no final do ano, muita coisa minha hoje é dele, o amo de paixão mais meninas nem todas as histórias acabam assim se não fosse o apoio incondicional da minha mãe, eu talvez não teria vencido, doenças
abortos, abandono. Tudo pode acontecer tanto com as crianças como comvocês, previnam-se, se amem, há diversas formas de se viver a vida, as noites em claro numa balada São bem diferentes de uma noite em claro com um bebe,e lembre-se as coisas também acontecem com você. ( guardamos o sigilo da remetente)<br /><br />
Gravidez na adolescência e a transformação dos papéis na familia
( Esse artigo foi anteriormente publicado no livro Um olhar sobre a familia – Trajetória e desafios de uma Ong –Ceaf – Editora Ágora – 2003 . Post editado a partir do artigo.
Um levantamento feito em escolas de classe média e média baixa em São Paulo confirma que estamos vivendo um momento de transição nos papéis atribuídos ao pai e à mãe dentro da família: a autoridade é outorgada igualmente ao pai e à mãe pelo adolescente.
Ele identifica a mãe como proteção, apoio e referência afetiva; uma minoria – o grupo de menor poder aquisitivo – a vê também como provedora financeira. Os relatórios sobre famílias de crianças e adolescentes em situação de rua denunciam a ausência da figura paterna no seu imaginário: a mãe acumula as funções de proteger física e emocionalmente e de educar.
Há dados que indicam um enfraquecimento da figura paterna na família, e sabemos que essa ausência acompanha os relatórios dos casos de delinqüência juvenil. A falta de um modelo de referência na educação secundária está presente também nos relatórios sobre problemas de rendimento e adaptação escolar. Tudo isso aponta para um modelo monoparental e matrifocal de família.
Por outro lado, sabe-se que o nível de fecundidade da adolescente entre 15 e 19 anos tem crescido muito, havendo também um incremento da fecundidade na faixa de 10 a 14 anos.
Parece que, no desejo de aconchego e apoio, a adolescente procura constituir um novo núcleo familiar em busca de suporte emocional, dado o desamparo vivenciado em sua familia de origem. Há uma tendência de se entender a gravidez na adolescência como um ato de trangressão.
A partir de trabalho com adolescentes grávidas levanto a hipótese de tratar-se de uma tentativa de reparação.
A trangressão é uma forma de confronto com o status quo. Mas o que observo na maior parte da população feminina jovem é uma tentativa de entendimento da realidade em que vivem. Tudo indica que um mergulho nas feridas experimentadas na condição de filhas está a serviço desse intento.
Dado o aumento do número de adolescentes gestantes, uma parceria entre o Ceaf e o Programa Einstein na Comunidade na favela de Paraisópolis foi criada em 1999, com o objetivo de realizar um trabalho preventivo: o atendimento psicológico à gestante adolescente. Depois de submetidas à triagem, as gestantes participavam de um grupo específico, com um foco diferenciado no atendimento psicológico.
Esse trabalho possibilitou uma reflexão sobre a realidade das famílias de baixa renda e do meio em que vivem. Pudemos também pesquisar parte do imaginário das adolescentes sobre o lugar do pai e da mãe na família, sobre suas expectativas em relação ao companheiro, sobre a reversibilidade das polaridades mãe / filho, pai / filho, mãe / pai.
Pesquisando o imaginário da adolescente, constatamos que se vê precocemente solicitada a uma conduta adaptada ao papel de mãe, ao mesmo tempo em que apresenta um discurso de filha que se viu na maior parte das vezes privada do atendimento a suas necessidades por parte do pai, da mãe ou de figuras substitutivas.
O desafio apresentado foi o da criação de novos espaços na vida da adolescente-mãe, para que lidasse com os lutos e as perdas decorrentes da maternidade precoce, trabalhasse com as idealizações de um lado e desesperança de outro, e viabilizasse projetos de vida.
Há ainda o preconceito de que as famílias geradoras de abandono e de desvio de conduta não responderiam bem a um trabalho psicológico e que, portanto, o trabalho do psicólogo se restringiria ao encaminhamento dessas famílias para instituições assistenciais ou a um trabalho sócio-educativo.
Porém, nossa prática com a adolescência vitimizada nos mostra que o adolescente tem sua forma de reagir de acordo com a potencialidade do seu self e não necessariamente reproduz as formas de agir de sua família. O grupo familiar e educadores traçam caminhos possíveis, espaços de ação e possibilidades de representações, mas a adolescente apresenta uma reação criativa que traz marcas de sua individualidade.
Compartilhamos uma certa coletividade ontológica, mas cada indivíduo é único e não apenas interpreta, como também responde de modo criativo à sua experiência. Essa realidade aponta para a necessidade de ação junto ao mundo interno desses adolescentes e de suas famílias como forma de garantir sua inclusão social e saúde mental.
Por que cresce o número de adolescentes grávidas?
A adolescência é uma fase de profundas transformações físicas, psicológicas e sociais. Conceitualmente, entende-se como segunda década da vida (de 10 a 20 anos), fase de intensas transformações bio-psíquicas e consequentemente na integração do sujeito no ambiente social e na familia.
Alguns fatores comportamentais podem ser macantes nesse período:
1- Maior adesão aos valores grupais relacionados à liberdade e à sexualidade.
2- Imediatismo ( menor tolerância à espera no atendimento de suas necessidades ou fantasias).
3- Onipotência e sentimento de indestrutibilidade.
4- A liberação sexual dos anos sessenta que determinou uma iniciação sexual precoce que atinge a atual geração.
5- O material erótico veiculado de forma indiscriminada pela mídia favorece uma prática isenta de responsabilidade .
6- A menarca que, conforme pesquisas, incide em época precoce em razão de melhorias nas condições de vida e de alimentação nas últimas décadas.
A reação das familias à gravidez precoce oscila da agressão à apatia permissiva, até a conduta de superproteção, que priva a adolescente da responsabilidade e do acolhimento necessários para lidar com tal impasse. Nesse contexto, constatamos que o trabalho psicossocial é de suma importância para a mediação de conflitos, tornando possível o relacionamento entre a adolescente e sua familia, base da estruturação da identidade e dos papéis na familia e na sociedade.anexo comentário de leitora do blog guardando-se sigilo de sua identidade.
Abuso e violência na Familia
11/08/2009
Foi com muito pesar que li uma matéria publicada no Jornal Le Monde sobre o assassinato da menina Isabella, de 2008, atribuindo a violência doméstica no Brasil ao fato da tardia Abolição da Escravatura (1808) e aos modelos “adquiridos”de educação. Como se esse modelos de discriminição e desigualdade social tivessem sido gerados aqui no Brasil, quase como uma geração espontânea, como algo atávico, como nossa identidade. As crianças e as mulheres, assim como os negros e os países do terceiro mundo são há alguns séculos o que conhecemos como excluidos no que se refere à sua situação como sujeitos de direitos e Estado de direitos respectivamente.
O fato de se saber que no Brasil o genocídio assume índices preocupantes com autores dentro das familias e não só pela policia, nos faz responsáveis socialmente e como profissionais da área de psicologia para pensar essa questão.
Mas passa a ser uma arrogância da Velha Europa esse comentário no Le monde que nas semanas próximas ao crime de Isabella circulou pelo mundo noticia de uma outra familia de classe média austríaca em que o pai manteve em cativeiro a filha que também tomou como concubina e mãe de seus netos também cativos.
Enquanto continuarmos projetando nossa sombra no outro, enquanto temermos nossa humanidade, creio que será muito dificil lidar com a questão da violência que não escolhe raça, país, classe social, e que nos assola.
Pensamos de maneira equivocada sobre a violência como um epifenômeno do poder.
É quando o poder legítimo perdeu a sua força, quando o sentido ético se perdeu , que ocorre a violência, o abuso do poder e o pacto do silêncio. Quando os rituais não funcionam e os papéis dentro da familia se perderam. Quando já não há interdição para conter os conflitos dentro da familia.
A ameaça de perda da autoridade pelos pais, ou qualquer diminuição do poder legítimo dos pais são um convite à violência. O abuso do poder é prova documental da inexistência e da fragilidade da autoridade das figuras parentais e dos vínculos dentro da familia.
O pacto do silêncio é o recurso utilizado pelos agressores para manter a situação do abuso, favorecendo o espaço da violência.
Incesto na Psicologia Junguiana
10/08/2009
O tema do incesto tem sido um dos mais assiduamente visitados no blog.
Entre o mito e a cultura, a questão do incesto tem sido discutida em várias áreas das ciências humanas, pelas artes cênicas e literatura, pela área jurídica e pela religião.
A palavra incesto quer dizer estar contido in (dentro ) (cesto) .
Viver a intimidade e emoções em situação protegida. Pode ser análogo a estar em uma situação de endogamia, em sua origem antropológica.
Para Jung as fantasias incestuosas de uma criança tem a função de humanização de suas emoções nas relacões com seus familiares.
Se por ventura se acompanham de conteúdos sexuais não devem ser literalizados.
Podem estar apenas assinalando uma busca de maior intimidade e fusão para que depois possa haver um outro nível de discriminação.
Se existe um tabu do incesto ele emerge com o próprio impulso incestuoso, de uma dimensão ética do indivíduo e um sentido de preservação das relações grupais e não da repressão advinda de uma moral externa.
A busca de um adolescente ou de uma criança na relação com um adulto pode ter diferentes motivações, como por exemplo, entre uma aluna e um professor, a de admiração e curiosidade intelectual.
Se a curiosidade e o desejo sexual se acrescentam a essa admiração grande parte das vezes é mais por parte do adulto e cabe a este o papel de estabelecer os limites.
A sexualização imediata pode ser mais do adulto, resultante de uma projeção de suas fantasias na criança ou adolescente.
A possibilidade de trabalhar com os conteúdos de idealização e admiração sem cair nas armadilhas da sedução poderá resultar em desenvolvimento mútuo.
Um sentido de auto- preservação coloca o homem em conflito diante de situações que abalam o equilibrio e a coesão do seu grupo.
Nossa tendência é negar e afastar da consciência o que nos causa conflito. O mecanismo de negação e a alienação não resolve nossos problemas.
A questão do incesto é complexa e faz parte da natureza humana.
É muito importante considerar as diferenças presentes nas relações incestuosas mais ou menos abusivas, mais ou menos assimétricas, e para isso é necessário ver caso a caso.
Incesto não é sinonimo de abuso.
Mas, em geral as relações incestuosas , que se dão dentro da familia , são abusivas.
Falta homem na praça
09/08/2009
Pasmem. Em um canto da festa um grupo de homens na faixa de de 24, 26 anos heterossexuais, conversava : Falta homem na praça. Do outro lado da festa uma meia dúzia de moças desacompanhadas. E vai cerveja e cigarro.
Balada irada, malvada, isolada. E diz um outro: Cara, aqui está muito bom, mas vou ter que ir à guerra. Vou encontrar uns amigos numa balada lá na Hadock Lobo. Mais uma cerveja para dar coragem. Gatinha aquela ali.
No outro canto da sala.
Aniversário de trinta anos. Vocês lembram quando nós bebíamos até dormir todas juntas aqui no sofá ah ah ahah…é a turma do colegial foi melhor que a da faculdade. É, a turma das ciências sociais era mais unida do que as outras na faculdade…
Seis horas de festa.
As meninas se despedem. Vamos mais tarde até um barzinho na Vila.
Um grupo continua tocando e cantando canções da MPB com tal sensibilidade que me faz pensar que o problema não é que falta homem na praça. Falta coragem de deixar esse sentimento se expressar.