boat outside pablo neruda homeFinalmente  fui ver a exposição de Sophie Calle no Sesc da Pompéia e foi um presente. Exposição muito bem montada , fazendo juz ao trabalho de Sophie. O ponto alto são os vídeos com as performances de algumas das mulheres para quem Sophie enviou  o e-mail  que recebeu de seu namorado rompendo a relação. Entre o patético, o cômico, o irônico, o “nonsense”,  a raiva, a indiferença, a tristeza, até a cena expressiva de uma cacatua que repete a expressão : “cuide de você” várias vezes, além de algumas outras da carta .  Poderia repetir qualquer frase que lhe fosse ensinada.

cacatua

Todo mundo fala eu te amo  como disse Woody Allen, e, no instante seguinte, no mesmo e-mail,  cuide de você  ( Prenez soin de vous).  O vídeo mostra as múltiplas interpretações da carta e, principalmente, o que me parece importante é que  dizer:  cuide  de você,  é absolutamente desnecessário para quem vai embora. Estou indo embora mas o seu amor foi muito importante para mim ou algo semelhante. É diálogo de cacatua, repete frase feita. Não considera o outro.

661px-Tristan_Iseult_fountain_Louvre_OA10958Há algum tempo venho querendo lhe escrever e responder ao seu último email. Ao mesmo tempo, me pareceria melhor conversar com você e dizer o que tenho a dizer em viva voz. Mas pelo menos será por escrito.

Como você pode ver, não tenho estado bem ultimamente. É como se não me reconhecesse na minha própria existência. Uma espécie de angústia terrível, contra a qual não posso fazer grande coisa, senão seguir adiante para superá-la, como sempre fiz. Quando nos conhecemos, você impôs uma condição: não ser a “quarta”. Eu mantive o meu compromisso : Há meses deixei de ver as “Outras’, não achando obviamente um meio de vê-las, sem fazer de você uma delas. Achei que isso bastasse; achei que amar você e o seu amor seriam suficientes para que a angústia que me faz sempre querer buscar outros horizontes e me impede de ser tranquilo e, sem dúvida, de ser simplesmente feliz e ‘generoso”, se aquietasse com o seu contato e na certeza de que o amor que você tem por mim foi o mais benéfico para mim, o mais benéfico que jamais tive, você sabe disso. achei que a escrita seria um remédio, que meu “desassossego” se dissolveria nela para encontrar você. Mas não.  Estou pior ainda; não tenho condições sequer de lhe explicar o estado em que me encontro. Então, esta semana, comecei, a procurar as “outras”.

E sei bem o que isso significa para mim e em que tipo de ciclo estou entrando.

Jamais menti para você e não é agora que vou começar.

Houve uma outra regra que você impôs no início de nossa história: no dia em que deixássemos de ser amantes, seria inconcebível para você me ver novamente. Você sabe que essa imposição me parece desastrosa, injusta ( já que você ainda vê B., R., …) e compreensível (obviamente….); com isso, jamais poderia me tornar seu amigo.

Mas hoje, você pode avaliar a importância da minha decisão, uma vez que estou disposto a me curvar diante da sua vontade, pois deixar de ver você e de falar com você, de aprender o seu olhar sobre as coisas e os seres e a doçura com a qual você me trata são coisas das quais sentirei uma saudade infinita.

Aconteça o que acontecer, saiba que nunca deixarei de amar você da maneira que sempre amei desde que nos conhecemos, e esse amor se estenderá em mim e, tenho certeza, jamais morrerá. Mas hoje, seria a pior das farsas manter uma situação que você sabe tão bem quanto eu ter se tornado irremediável, mesmo com todo o amor que sentimos um pelo outro. E é justamente esse amor que me obriga a ser honesto com você mais uma vez, como última prova do que houve entre nós e que permanecerá único.

Gostaria que as coisas tivessem tomado um rumo diferente.

Cuide de você.

X

( Esse é o conteúdo integral do e-mail recebido por Sophie Calle de seu namorado encerrando o relacionamento que deu origem à sua iniciativa de convidar 107 mulheres , de acordo com sua profissão, para interpretar a carta  do ponto de vista profissional. Analisá-la, comentá-la, dançá-la. Essa era uma forma de se dar um tempo para elaborar a perda e de seguir a risca a recomendação : Cuide de você.

Transcrevo a qui o e-mail com a idéia de continuar a reflexão. O que você sentiria se recebesse esse e-mail? Já recebeu algo semelhante? Já foi encerrado um relacionamento seu de forma parecida ? Deixe um comentário.

Mandala

26/08/2009

mandala   A mandala contém a quaternidade ou múltiplo de quatro ou círculo, sob a forma de cruz ou estrela, ou ainda do quadrado, ou octógono em uma ordenação concêntrica da multiplicidade desordenada dos elementos contraditórios e irreconciliáveis – que representa uma tentativa de autocura da natureza. Em linguagem mais simples,  na mandala está representada a possibilidade de convivência dos opostos. As mandalas tibetanas feitas de areia simbolizam a efemeridade desse momento de síntese  ou de não contradição na existência. Carl Gustav Jung assim também definiu o processo de individuação que ocorre durante toda a vida , que é sempre um devir e aponta para o mistério do inconsciente.

A mandala é um campo de energia onde o divino se constela.   

Na  India o humano e divino compartilham em princípio a mesma essência.

Narcisismo

22/08/2009

narciso2

Cruzando as fronteiras de narciso,

Vi nascer a construção do belo.

Narciso jaz na busca de si mesmo,

Do belo que se constitui do gesto.

Fronteira tênue entre narciso e eco,

Próximos mas não identificados.

Flor de narciso bela e sempre igual,

A ecoar nua no pantanal.

Ao esculpir o belo ressuscitas,

A comunicação que ecoava no vazio.

Retornas àquele que  perdera,

 Na estética da alma, a auto-estima.

30 anos de Anistia

15/08/2009

Cara pintada

Foto pintada por Marco Angeli

No ano de aniversário de 30 anos da publicação da Lei de Anistia, decretada em 28 de agosto de 1979, pelo então presidente João Batista Figueiredo, que deu, de acordo com a Organização das Nações Unidas, na página do Ministério da Justiça, “perdão” a todos os crimes considerados políticos cometidos durante o regime militar brasileiro, estudantes  furaram bloqueio no Senado em Brasilia para protestar contra Sarney na entrada do Plenário e alguns são presos. Foram detidos para averiguação de uso  indevido de crachás da casa. Isso me faz lembrar os motivos de prisão de 68.

O dono do crachá é o dono do cartório que é o dono do tabelião que é sobrinho do sr prefeito que é sogro do governador….com quem reclamar?

 

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This report is about a volunteer work, a partnership between Family guidance Institute in Brazil, Sao Paulo, Ceaf , and a Pediatric clinic in a deprived children community in Sao Paulo.

A survey done at middle class and low middle class schools in Sao Paulo confirms that we are living in a time of transition of the images of father and mother in the family

The adolescents attribute the authority equally to father and mother.

The adolescents identify mother as protection, support and affective reference. Only a few see her as financial provider and those are among the group of less acquisitive power.

The mother figure is identified as family reference.

To give physical and emotional support and to educate seems to be a mother function among the classes with a lower socio-economic level. Some adolescents replied that …  “The child is brought up very well without a father”.

As we know the absence of a father figure is common in the case reports of juvenile delinquency. A lack of a model of reference also is missing in the case reports of problems in learning and school adaptation, in elementary education.

The case reports about the family of homeless children and adolescents show a complete absence of a father figure in the description of their roles and in their imagery. It seems that is in this question(What should be his function), that the families with lower socio-economic level show a higher emptiness.”

The mother is identified with the whole image of family, of protecting physically and emotionally and educating, so this points to a model of single parenting and motherliness of family. 

A more complex issue is that when we think about the perspective of working with this impoverished family. We are faced with a certain degree of institutional prepotency because these families are considered not workable with and the professional role would be the referral of these children and adolescents to educational and assistance institutions.

Our practice in our work with these homeless children, with victims of abuse and with pregnancy in adolescence show that the child doesn’t necessarily reproduces and not even in a direct way the forms of behaving of his family.

The adults trace some forms of behaving and possible representations but the child mold his way of behaving based on the interdependent relationships and reacts individually and creatively.

In according to Mara Sidoli,” we share a certain ontological collectivity but each individual has his on way to respond to his experience. ” 

This reality shows the necessity of actions in the direction of these children and adolescents imaginary as a way of reaching their social inclusion.

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Reflections about pregnancy during adolescence

 

There have been, in all social classes a great increase of the index of pregnancy during adolescence.

Research of Dr Albertina Duarte, gynecologist  shows that 87 % of the cases had information about the use of contraceptives.

To have the information and to incorporate it as a way of life means a long run.

There are various hypotheses about the factors the cause pregnancy during adolescence:

1- outburst of sexuality

2- aderence to the group values related with liberty and sexuality.

3-  imediaticity of adolescent behavior.

4– adolescent’s feeling of omnipotence.

5- sexual initiation turned to be more precocious since sexual liberation of the 60’s.

6- the erotism vehiculated through media without orientation proposes a practice without responsibility.

7- antecipation of the girl’s maturation due to better conditions of life and nutrition in the last decades. Menarca and puberty occur earlier and one or two years latter girls reach full fertility.

The follow up of pregnant adolescents made possible a reflection about these families reality and about the environment in which these adolescents live. It shows a particular ecology, in which the family of the adolescent-mother has the role of formation of the new members.

There is an increase of the number of grandmothers that raise and take care of their grandchildren. The figure of the grandfather is almost inexpressive in the reports.

The children of the first pregnancy are given to the grandmother care when the adolescent has no stable partner or has a new relationship. This is also a way of keeping with the morality in the absence of a stable partner or of maintaining the presence of a presumed provider.

Almost there is no clarity about the role of the stable partner, besides the role of sexual partner and no affective reference.

She is precociously invited to discriminate her behavior in the mother role while she has a discourse of a daughter that almost all the time lacked the assistance of her necessities from the mother, father and substitutive figures.

The experience of being neglect and the maternal abandonment evokes and foster grandiose fantasies and infantile omnipotence as defenses of helplessness and dread. This kind of experiences also damages the development of symbolic thinking. We try to work through these damages and disturbs of attachment.

Gravidez na adolescência  Relato enviado por uma leitora após leitura do meu Post sobre gravidez na adolescência.

“Não pense que só vai contecer com os outros, acontece sim com você também aos 14 anos de idade iniciei um namoro com um rapaz que morava na mesma rua da minha casa aos 15 anos eu tinha uma vida sexual, sem nenhum tipo de prevenção a não ser a famosa saidinha, onde o a ejaculação é feita fora da vagina,pois bem mantive essa mesma situação até que aos 18 anos minha menstruação falhou, mas como não era regulada achei normal no 2 mês, kd ela,e eu ali vivendo sem saber uma gravidez inão desejada . Quando estava para completar 3 meses fui interrogada pela minha mãe, fato esse que jamais vou esquecer, ela não me perguntou ela afirmou : _você esta

gravida né…. pensam vocês que me senti ofendida ? Fui fazer o exame só parac ontesta-la,  para dizer que ela estava errada.  As mães erram também, e eu estava cometendo o meu primeiro erro:  subestimar o presentimento de mãe, fiz o exame pela manhã e a tarde busquei o resultado,beta Hcg ,esse era o exame e quando abri dei de cara com uma cegonha carregando em seu bico um saco (embrulho)com a seguinte frase positivo…quase morri aquele exame só podia estar errado afinal eu nãosenti nada enjôos, tontura, fome, nada absolutamente nada, e outra , sempre transei desse jeito e nada nunca aconteceu, minha amiga que me acompanhava disse ( J ) enfrente a situação você esta gravida, Fui para um outro mundo e voltei na ocasião meu namoro não estava bem, foi a pior fase para se engravidar contei a ele que ficou pior que eu,meu pai ficou doente acreditam mal olhava em meusolhos, me separei  do pai do meu filho conversei com minha mãe e disse a ela quenão poderia viver uma situação onde eu acreditava ser obrigada a estar ali,eu e ele não existia mas… no dia 7 de outubro meu filho nasceu foi um dia muito confuso para mim, uma morte um nascimento parte de minha vida acabaria ali e uma outra estava diante dos meus olhos em meus braços passei por diversas situações até me encontrar sentia o olhar de reprova da minha mãe, ela se colocava em minha frente dava os remedios,banhos, trocava aquilo me encomodava alias era meu filho… brigamos muito olha a meia dele tá suja,o babador tá molhado,ta frio pra essa roupa,ta calor pra essa roupa,

que  ódio aquilo me dava mas o tempo passou e eu aprendi muito meu pai hoje é apaixonado pelo meu filho, ama de verdade minha mãe então nem se fala, o pai dele é presente em sua vida muito até demais,e eu onsegui meu espaço trabalho e namoro a 3 anos, penso nele em tudo que faço, hoje meu bebe tem 8 anos vai a escola, Faz futebol,saudavel e lindomesmo e com a vitória deixei de vivenciar muitas coisas por ele, como umafaculdade viagens com amigas no final do ano, muita coisa minha hoje é dele, o amo de paixão mais meninas nem todas as histórias acabam assim se não fosse o apoio incondicional da minha mãe, eu talvez não teria vencido, doenças

abortos, abandono. Tudo pode acontecer tanto com as crianças como comvocês, previnam-se, se amem, há  diversas formas de  se viver a vida, as noites em claro numa balada São bem diferentes de uma noite em claro com um bebe,e lembre-se as coisas também acontecem com você. ( guardamos o sigilo da remetente)<br /><br />42-15819135DZ005038

Gravidez na adolescência e a transformação dos papéis na familia

( Esse  artigo foi anteriormente publicado no livro Um olhar sobre a familia – Trajetória e desafios de uma Ong –Ceaf – Editora Ágora – 2003 .  Post editado a partir do artigo.

Um levantamento feito em escolas de classe média e média baixa em São Paulo confirma que estamos vivendo um momento de transição nos papéis atribuídos ao pai e à mãe dentro da família: a autoridade é outorgada igualmente ao pai e à mãe pelo adolescente.

Ele identifica a mãe como proteção, apoio e referência afetiva; uma minoria – o grupo de menor poder aquisitivo – a vê também como provedora financeira. Os relatórios sobre famílias de crianças e adolescentes em situação de rua denunciam a ausência da figura paterna no seu imaginário: a mãe acumula as funções de proteger física e emocionalmente e de educar.

Há dados que indicam um enfraquecimento da figura paterna na família, e sabemos que essa ausência acompanha os relatórios dos casos de delinqüência juvenil. A falta de um modelo de referência na educação secundária está presente também nos relatórios sobre problemas de rendimento e adaptação escolar. Tudo isso aponta para um modelo monoparental e matrifocal de família.

Por outro lado, sabe-se que o nível de fecundidade da adolescente entre 15 e 19 anos tem crescido muito, havendo também um incremento da fecundidade na faixa de 10 a 14 anos.

Parece que, no desejo de aconchego e apoio, a adolescente procura constituir um novo núcleo familiar em busca de suporte emocional, dado o desamparo vivenciado em sua familia de origem. Há uma tendência de se entender a gravidez na adolescência como um ato de trangressão.

42-15535194A partir de trabalho com adolescentes grávidas levanto a hipótese de tratar-se  de uma tentativa  de reparação.

A trangressão é uma forma de confronto com o status quo. Mas o que observo na maior parte da população feminina  jovem é uma tentativa de entendimento da realidade em que vivem.  Tudo indica que um mergulho nas feridas experimentadas na condição de filhas está a serviço desse intento.

Dado o aumento do número de adolescentes gestantes, uma parceria entre o Ceaf e o Programa Einstein na Comunidade na favela de Paraisópolis foi criada em 1999, com o objetivo de realizar um trabalho preventivo: o atendimento psicológico à gestante adolescente. Depois de submetidas à triagem, as gestantes participavam de um grupo específico, com um foco diferenciado no atendimento psicológico.

42-18810424 Esse trabalho possibilitou uma reflexão sobre a realidade das famílias de baixa renda e do meio em que vivem. Pudemos também pesquisar parte do imaginário das adolescentes sobre o lugar do pai e da mãe na família, sobre suas expectativas em relação ao companheiro, sobre a reversibilidade das polaridades mãe / filho, pai / filho, mãe / pai.

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Pesquisando o imaginário da adolescente, constatamos que se vê precocemente solicitada a uma conduta adaptada ao papel de mãe, ao mesmo tempo em que apresenta um discurso de filha que se viu na maior parte das vezes privada do atendimento a suas necessidades por parte do pai, da mãe ou de figuras substitutivas.

O desafio apresentado foi o da criação de novos espaços na vida da adolescente-mãe, para que lidasse com os lutos e as perdas decorrentes da maternidade precoce, trabalhasse com as idealizações de um lado e desesperança de outro, e viabilizasse projetos de vida.

Há ainda o preconceito de que as famílias geradoras de abandono e de desvio de conduta não responderiam bem a um trabalho psicológico e que, portanto, o trabalho do psicólogo se restringiria ao encaminhamento dessas famílias para instituições assistenciais ou a um trabalho sócio-educativo.

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Porém, nossa prática com a adolescência vitimizada nos mostra que o adolescente tem sua forma de reagir de acordo com a potencialidade do seu self e não necessariamente reproduz as formas de agir de sua família. O grupo familiar e educadores traçam caminhos possíveis, espaços de ação e possibilidades de representações, mas a adolescente apresenta uma reação criativa que traz marcas de sua individualidade.

Compartilhamos uma certa coletividade ontológica, mas cada indivíduo é único e não apenas interpreta, como também responde de modo criativo à sua experiência. Essa realidade aponta para a necessidade de ação junto ao mundo interno desses adolescentes e de suas famílias como forma de garantir sua inclusão social e saúde mental. 42-17799789

Por que cresce o número de adolescentes grávidas?

A adolescência é uma fase de profundas transformações físicas, psicológicas e sociais. Conceitualmente, entende-se como segunda década da vida (de 10 a 20 anos),  fase de intensas transformações bio-psíquicas e consequentemente na integração do sujeito no ambiente social e na familia.

Alguns fatores comportamentais podem ser macantes nesse período:

1-   Maior adesão aos valores grupais relacionados à liberdade e à sexualidade.

2-    Imediatismo ( menor tolerância à espera no atendimento de suas necessidades ou fantasias).

3-    Onipotência e sentimento de indestrutibilidade.

4-    A liberação sexual dos anos sessenta  que determinou uma iniciação sexual precoce que atinge a atual geração.

5-  O material erótico veiculado de forma indiscriminada  pela mídia favorece uma prática isenta de responsabilidade .

6-    A menarca que, conforme pesquisas, incide em época precoce em razão de melhorias nas condições de vida e de alimentação nas últimas décadas.

A reação das familias à gravidez precoce oscila da agressão à apatia permissiva, até a conduta de superproteção, que priva a adolescente da responsabilidade e do acolhimento necessários para lidar com tal impasse. Nesse contexto, constatamos que o trabalho psicossocial é de suma importância para a mediação de conflitos, tornando possível o relacionamento entre a adolescente e sua familia, base da estruturação da identidade e dos papéis na familia e na sociedade.anexo comentário de leitora do blog guardando-se sigilo de sua identidade.

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Foi com muito pesar que li uma matéria publicada no Jornal Le Monde sobre o assassinato da menina Isabella, de 2008, atribuindo a violência doméstica no Brasil ao fato da tardia Abolição da Escravatura (1808) e aos modelos “adquiridos”de educação. Como se esse modelos de discriminição e desigualdade social tivessem sido gerados aqui no Brasil, quase como uma geração espontânea, como algo atávico, como nossa identidade. As crianças e as mulheres, assim como os negros e os países do terceiro mundo são há alguns séculos o que conhecemos como excluidos no que se refere à sua situação como  sujeitos de direitos e  Estado de direitos respectivamente.

O fato de se saber que no Brasil o genocídio assume índices preocupantes com autores dentro das familias e não só pela policia, nos faz responsáveis socialmente e como profissionais da área de psicologia para pensar essa questão.

Mas passa a ser uma arrogância da Velha Europa esse comentário no Le monde que nas semanas próximas ao crime de Isabella circulou pelo mundo noticia de uma outra familia de classe média austríaca em que o pai manteve em cativeiro a filha que também tomou como concubina e mãe de seus netos também cativos.

Enquanto continuarmos projetando nossa sombra no outro, enquanto temermos nossa humanidade, creio que será muito dificil lidar com a questão da violência que não escolhe raça, país, classe social, e que nos assola.

Pensamos de maneira equivocada sobre a violência como um epifenômeno do poder.

É quando o poder legítimo perdeu a sua força, quando o sentido ético se perdeu , que ocorre a violência, o abuso do poder e o pacto do silêncio. Quando os rituais não funcionam e os papéis dentro da familia se perderam. Quando já não há interdição para conter os conflitos dentro da familia.

A ameaça de perda da autoridade pelos pais, ou qualquer diminuição do poder legítimo dos pais são um convite à violência. O abuso do poder é prova documental da inexistência e da fragilidade da autoridade das figuras parentais e dos vínculos dentro da familia.

O pacto do silêncio é o recurso utilizado pelos agressores para manter a situação do abuso, favorecendo o espaço da violência.

O tema do incesto tem sido um dos mais assiduamente visitadossnow4 no blog.

Entre o mito e a cultura, a questão do incesto tem  sido discutida em várias áreas das ciências humanas, pelas artes cênicas e literatura, pela área jurídica e pela religião.

A palavra incesto quer dizer estar contido in (dentro )  (cesto) .

Viver a intimidade e emoções em situação protegida. Pode ser análogo a estar em uma situação  de endogamia, em sua origem antropológica.

Para Jung as fantasias incestuosas de uma criança tem a função de humanização  de suas emoções nas relacões com seus familiares.

Se por ventura se acompanham de conteúdos sexuais não devem ser literalizados.

Podem estar apenas assinalando uma busca de maior intimidade e fusão para que depois possa haver um outro nível de discriminação.

Se existe um tabu do incesto ele emerge com o próprio impulso incestuoso, de uma dimensão ética do indivíduo e um sentido de preservação das relações grupais e não da repressão advinda de uma moral externa.

A busca de um adolescente ou de uma criança na relação com um adulto pode ter diferentes motivações, como por exemplo, entre uma aluna e um professor, a de admiração e curiosidade intelectual.

Se a curiosidade  e o desejo sexual se acrescentam a essa admiração  grande parte das vezes é mais por parte do adulto e cabe a este o papel de estabelecer os limites.

A sexualização imediata pode ser mais do adulto,  resultante de uma projeção de suas fantasias na criança ou adolescente.

A possibilidade de trabalhar com os conteúdos de idealização e admiração sem cair nas armadilhas da sedução poderá resultar em desenvolvimento mútuo.

Um sentido de auto- preservação coloca o homem em conflito diante de situações que abalam o equilibrio e a coesão do  seu grupo.

Nossa tendência é negar e afastar da consciência o que nos causa conflito. O mecanismo de negação  e a alienação não resolve nossos problemas.

A questão do incesto é complexa e faz parte da natureza humana.

É muito importante considerar as diferenças presentes nas relações incestuosas mais ou menos abusivas, mais ou menos assimétricas, e para isso é necessário ver caso a caso.

Incesto não é sinonimo de abuso.

Mas, em geral as relações incestuosas , que se dão dentro da familia , são abusivas.

casal no carroPasmem. Em um canto da festa um grupo de homens na faixa de de 24, 26 anos heterossexuais, conversava : Falta homem na praça. Do outro lado da festa uma meia dúzia de moças desacompanhadas. E vai cerveja e cigarro.

Balada irada, malvada, isolada. E diz um outro: Cara, aqui está muito bom, mas vou ter que ir à guerra. Vou encontrar uns amigos numa balada lá na Hadock Lobo. Mais uma cerveja para dar coragem. Gatinha aquela ali.

No outro canto da sala.

Aniversário de trinta anos. Vocês lembram quando nós bebíamos até dormir todas juntas aqui no sofá ah ah ahah…é a turma do colegial foi melhor que a da faculdade. É, a turma das ciências sociais era mais unida do que as outras na faculdade…

Seis horas de festa.

As meninas se despedem. Vamos mais tarde até um barzinho na Vila.

Um grupo continua tocando e cantando canções da MPB com tal sensibilidade que me faz pensar que o problema não é que falta homem na praça. Falta coragem de deixar esse sentimento se expressar.casal no carro