Quando uma convivência conjugal termina as borboletas do frisson sentido no estômago do tempo da paixão dão lugar aos sentimentos ambivalentes de alívio de tensão e de luto. A neurociência propõe que o cérebro tende a buscar a situação de equilibrio anterior através da inslação das antigas sensações.

Mas hoje o que temos é um imediatismo na busca de satisfação. Dessa espiral de busca sem limites, expressa também na ânsia de consumo, vemos um movimento ascendente em direção ao mundo e descendente em direção ao sujeito.

Jung descreve o processo de individuação como um movimento em espiral, de progressões e regressões.  Progredir e regredir aqui tem um sentido de compensação energética entre uma vivência e outra. Precisamos de um tempo para evoluir de um estado de consciência para outro. Restabelecer o equilibrio é  apontar para algo novo. Não é voltar ao estado anterior da alma. Porém, regredir é também caminho para progredir. O grande desafio é reencontrar, em outro formato, a experiência de satisfação e a criatividade que diante do luto se arrefeceram.

Trazer de volta as borboletas do desejo , da alegria e da esperança exige um intenso trabalho psíquico.  Não é suficiente encontrar um outro parceiro amoroso.  O caminho do pleno gozo é o caminho de encontro consigo mesmo quando os humores da libido trazem de volta as borboletas.