Não há experiência que nos conecte mais com a morte do que um nascimento e falar da morte nos conecta por outro lado ao que não morreu.

 

http://youtu.be/S56hjwLKpNo

Ao falarmos sobre a morte de Jung, ele nunca esteve mais vivo entre nós do que nesse momento! Esse foi o clima  do Encontro sobre os 50 anos da morte de Jung  em 11/6/2011  da SBPA ( Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica)

Uma das reflexões que me ocorreram  a partir do encontro de hoje, nas palavras da poetisa :

” Vinte anos de menos,

só seria mais jovem.

 Nunca, mais amorável,

 já desejei ser outro,

 não desejo mais não”.” ( Adélia Prado)

Há um momento da vida em que paramos de nos debater com o que não somos. Começamos a amar o nosso ser.

Como escreve com sabedoria a poetisa:

“Quem me dera os lobos fossem fora de mim,

bastava um pau e os afugentaria.

Mas seus fantasmas é que uivam inalcançáveis.

Só a oração os detém,

a que ainda não sei como fazer. ” ( Adélia Prado)

Cada signo, cada pessoa, tem seu ‘bicho”, seu lobo, e temos que nos virar com ele até a morte. Aliás ,toda crença não precisa de provas. Por isso crença. Adélia Prado falou lindo sobre isso hoje em uma palestra dos 50 anos da morte do Jung. Aquilo em que pensamos acreditar o sabemos sem questionar, por outras vias que não a da consciência.

Ao ser perguntado sobre sua crença sobre a existência de deus , Jung repondeu que não acreditava mas sabia da existência de deus. A fé é um saber para além da consciência. É da esfera do self.

Jung teve a humildade de se virar com seus lobos até seu último momento de vida. Herdamos de sua obra , como disse Roberto Gambini, a crença na possibilidade de contato com o self e da integração da sombra possibilitando a emergência da criatividade psíquica.

Passamos a vida temendo nossos antagonismos internos sem compreender que eles são a pulsação de estarmos vivos.

Como disse Iraci Galiás, obrigada Jung.

Meu Marzão

29/07/2009

orange tree

 

Houve um tempo.
Houve um pé de laranja.
Como aquele do Zé Mauro.
Havia também um grande quintal.
Uma pequena casa.
A calçada e o Marzão do lado de lá.
Um pé de laranja pode ser um marzão
Depende de onde se olha.
Um sonho.
Como seria o mundo lá de cima?

Trepando no mamoeiro

O cheiro de terra molhada desagua na imensidão.
Não acaba mais.
O barulho da água no tanque de cimento.
Aquilo parece que não tem fim
É fundo, fundo mesmo.
Só vendo.
Só tomando banho de tanque pra acreditar nisso tudo!

autora: Celia Brandão

Oi Tio

28/07/2009

noivaOi tio

Se fosses meu tio
Deitava em teu colo
Armava uma rêde
Chorava baixinho
Procê me ninar.

Eu punha um vestido
Pra te encantar.

Te dava um beijinho
De short e descalça
Com blusa sem alça
Fazia um carinho.

Fazia um chorinho
E ria de novo
Depois fugia
procê me achar.

Onde anda esse tio
Amor madrugada
A me embalar?

Eu deito em teu colo
Eu beijo tua boca
Tudo proibido !

E eu?
Te amo em silêncio.

o caminhoO mundo é uma goiaba
Gorda, amarela e verde
Tudo cheira a goiaba.
O corpo infantil
Na ponta dos pés
Em busca da goiaba!
Mãos de dedos finos
magras e precisas
Tomam a goiaba
O mundo em suas mãos
Ah! Vovô!
Ai de mim sem você .

DSC08436 Foto: Mariana Brandão

Brinquei de amor com você

Mas não tinha reparado

O prazer era tão grande,

sem que tivesse pensado.

Muito prazer dá medo

Medo de ser deixado.

Fingi de amor acabado.

A providência dos deuses

me trouxe você de volta .

Com ar de coisa divina,

com luz de momento sagrado,

foi invadindo meu peito,

e eu ainda sem jeito.

Dizendo não ir embora

Chegou forte e de mansinho

Encarnando em meu caminho.

Reacendendo uma chama

De Hermes ou Dionísio,

Trouxe de volta minh’alma.

autor:Celia Brandão