Trecho do artigo: Cantando o luto amoroso
12/11/2010
Em el año de2006, cordiné en el Moitará – encuentro anual de la Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica sobre símbolos de la cultura brasileña – um taller psicologico com el tema Cantando o luto amoroso. Para ello conte com la colaboracion de Marília Castelo Branco, psicóloga y arteterapeuta, y Nicolas Brandão Moreira da Silva, musico.
No ano de 2006, coordenei no Moitará – encontro anual da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica sobre símbolos da cultura brasileira -, uma oficina psicológica com o tema: Trocando em miúdos – cantando o luto amoroso. Contei na oficina com a colaboração de Marilia Castelo Branco, psicóloga e arte- terapeuta e de Nícolas Brandão Moreira da Silva, músico.
El taller constituyó em un espacio ritual de elaboración del luto amoroso a través del repertorio seleccionado de la musica popular brasileña. Participaron del taller analistas junguianos de todas las edades.
A oficina consistiu em um espaço ritual de elaboração do luto amoroso por meio de repertório selecionado da música popular brasileira. Participaram da oficina analistas junguianos de todas as idades.
Fue notable la riqueza y creatividad del repertorio musical seleccionado por los participantes y pudimos observar un alto nivel de identificación también de la población joven con el estilo romántico de la comunicacción amorosa.
Foi notável a riqueza e criatividade do repertório musical selecionado pelos participantes e pudemos observar um alto nível de identificação também da população jovem com o estilo romântico de comunicação amorosa.
Aunque los participantes no relataron sus vivencias de luto, el grupo pudo comunicar-se por medio de letras de canciones expresivas de nuestro cancionero popular y que tratan de la pérdida amorosa. Recorrimos varios estilos de la MPB, donde los participantes sugirieron algunas canciones mientras cantaban trabajavan también en sus lutos. El refrán dice: quien canta sus males espanta o aún quién canta ora dos veces.
Sem que houvesse um relato das vivências de luto dos presentes, o grupo pode se comunicar por meio de letras de músicas expressivas de nosso cancioneiro popular e que tratam da perda amorosa. Percorremos vários estilos da MPB, sendo que algumas canções foram sugeridas pelos participantes do grupo que, enquanto cantavam, mergulhavam também em seus lutos. O ditado popular nos diz: Quem canta seus males espanta ou ainda Quem canta reza duas vezes.
Fue posible tocar la emoción y darle su tiempo y espacio con el recurso facilitador de la música. Técnicas psicodramáticas fueron facilitadoras para la realización del ritual. Dramatizamos el ritual de la despedida con globos abandonados al sabor del viento.
Foi possível tocar a emoção e dar-lhe seu tempo e com o recurso facilitador da música.Técnicas psicodramáticas foram facilitadoras para a realização do ritual. Encenamos o ritual da despedida, com bexigas abandonadas ao vento.
Los participantes tuvieron su tiempo para escribir y dibujar en los globos, nombrándolos con lo que desearían o necesitarían dejar irse de sus vidas. Se hizo el cortejo entonando la canción de la MPB de los años 30 “Na virada da Montanha”de Lamartine Babo y Ari Barroso.
Os participantes tiveram seu tempo para escrever e desenhar nas bexigas, nomeando-as com o que desejariam ou necessitariam deixar ir embora de suas vidas. O cortejo foi feito entoando a canção da MPB dos anos 30 “Na virada da montanha” de Lamartine Babo e Ari Barroso.
Na virada da Montanha
Lamartine Babo e Ari Barroso
“A saudade vem chegando “La nostalgia se acerca
A tristeza me acompanha! La tristeza me acompaña
Só porque…só porque… Solo porque… solo porque
O meu amor morreu Mi amor murió
na virada da montanha A la vuelta de la montaña
O meu amor morreu Mi amor murió
na virada da montanha”……. A la vuelta de la montaña….”
Al contemplar los globos al viento un participante del grupo dice: “Parece un funeral .“ Con ese habla podríamos concluir que el taller había cumplido sus objetivos.
Ao contemplar as bexigas ao vento um participante do grupo diz: “Está parecendo um funeral”. Com essa fala podiamos concluir que a oficina cumprira seus objetivos.
Para Cássio
13/10/2009
SUTILMENTE
“E quando eu estiver
Triste
Simplesmente
Me abrace
Quando eu estiver
Louco
Subitamente
Se afaste
Quando eu estiver
Fogo
Suavemente
Se encaixe
E quando eu estiver
Bobo
Sutilmente
Disfarce
Mas quando eu estiver
Morto
Suplico que não me mate não
Dentro de ti
Mesmo que o mundo
Acabe enfim
Dentro de tudo
Que cabe em ti….”
O e-mail que Sophie Calle recebeu
28/08/2009
Há algum tempo venho querendo lhe escrever e responder ao seu último email. Ao mesmo tempo, me pareceria melhor conversar com você e dizer o que tenho a dizer em viva voz. Mas pelo menos será por escrito.
Como você pode ver, não tenho estado bem ultimamente. É como se não me reconhecesse na minha própria existência. Uma espécie de angústia terrível, contra a qual não posso fazer grande coisa, senão seguir adiante para superá-la, como sempre fiz. Quando nos conhecemos, você impôs uma condição: não ser a “quarta”. Eu mantive o meu compromisso : Há meses deixei de ver as “Outras’, não achando obviamente um meio de vê-las, sem fazer de você uma delas. Achei que isso bastasse; achei que amar você e o seu amor seriam suficientes para que a angústia que me faz sempre querer buscar outros horizontes e me impede de ser tranquilo e, sem dúvida, de ser simplesmente feliz e ‘generoso”, se aquietasse com o seu contato e na certeza de que o amor que você tem por mim foi o mais benéfico para mim, o mais benéfico que jamais tive, você sabe disso. achei que a escrita seria um remédio, que meu “desassossego” se dissolveria nela para encontrar você. Mas não. Estou pior ainda; não tenho condições sequer de lhe explicar o estado em que me encontro. Então, esta semana, comecei, a procurar as “outras”.
E sei bem o que isso significa para mim e em que tipo de ciclo estou entrando.
Jamais menti para você e não é agora que vou começar.
Houve uma outra regra que você impôs no início de nossa história: no dia em que deixássemos de ser amantes, seria inconcebível para você me ver novamente. Você sabe que essa imposição me parece desastrosa, injusta ( já que você ainda vê B., R., …) e compreensível (obviamente….); com isso, jamais poderia me tornar seu amigo.
Mas hoje, você pode avaliar a importância da minha decisão, uma vez que estou disposto a me curvar diante da sua vontade, pois deixar de ver você e de falar com você, de aprender o seu olhar sobre as coisas e os seres e a doçura com a qual você me trata são coisas das quais sentirei uma saudade infinita.
Aconteça o que acontecer, saiba que nunca deixarei de amar você da maneira que sempre amei desde que nos conhecemos, e esse amor se estenderá em mim e, tenho certeza, jamais morrerá. Mas hoje, seria a pior das farsas manter uma situação que você sabe tão bem quanto eu ter se tornado irremediável, mesmo com todo o amor que sentimos um pelo outro. E é justamente esse amor que me obriga a ser honesto com você mais uma vez, como última prova do que houve entre nós e que permanecerá único.
Gostaria que as coisas tivessem tomado um rumo diferente.
Cuide de você.
X
( Esse é o conteúdo integral do e-mail recebido por Sophie Calle de seu namorado encerrando o relacionamento que deu origem à sua iniciativa de convidar 107 mulheres , de acordo com sua profissão, para interpretar a carta do ponto de vista profissional. Analisá-la, comentá-la, dançá-la. Essa era uma forma de se dar um tempo para elaborar a perda e de seguir a risca a recomendação : Cuide de você.
Transcrevo a qui o e-mail com a idéia de continuar a reflexão. O que você sentiria se recebesse esse e-mail? Já recebeu algo semelhante? Já foi encerrado um relacionamento seu de forma parecida ? Deixe um comentário.
Luto amoroso
05/08/2009
Na contemporaneidade, a auto-estima se confunde com a rápida adaptação às circunstâncias, e os ritos de aproximação e afastamento são tragados pela busca desenfreada por satisfação. A falta de acolhimento social para os momentos de transição como o do processo de luto, lança-nos em um movimento de negação que implica a necessidade de desfazer-se precocemente do registro da perda na consciência.
Em uma sociedade voltada para o sucesso individual, o término de um relacionamento é vivido como um fracasso pessoal e tratado com certa desconfiança e rejeição pelo outro. Este, aqui entendido tanto como o outro “de fato”, como também pelo outro protagonizado pela sombra individual. Pois, o sujeito que se separa compartilha de uma mesma consciência coletiva, e tende a julgar-se mesmo quando o restante da sociedade o ignora. Neste caso, ele próprio exercita o julgamento que espera dela, em uma situação de solidão que acentua a angústia de morte vivida na separação.
Quando caímos no luto estamos diante da perda de um objeto. A primeira vivência do luto é a ausência do outro em nossa vida. A ultrapassagem desse momento de ruptura pode não se dar completamente, e o enlutado refugia-se na tristeza, de tal forma, que se confunde e já não sabe o que perdeu.O melancólico perdeu seu próprio eu.