Quando Nietzsche chorou
10/10/2010
Escultura de Tunga .
“O isolamento só existe no isolamento. Uma vez compartilhado ele desaparece.” ( Breuer se dirige a Nietzsche no filme Quando Nietzsche Chorou , baseado no romance de Irvin Yalom ). Nietzsche chora porque se sente livre ao entrar em contato com o significado de sua angústia. Lou Andrés Salomé foi o elemento de ligação anímico de grande importância na fundação da psicanálise. O Livro e o filme tratam de forma eloquente como o tema da sombra de Deus foi fundamental fundação da psicanálise junguiana. O conflito entre eros e poder , entre vínculo amoroso e individuação, angústia de morte e individuação estão presentes nos dois autores: Freud e Jung.
Irvin Yalom traduz com propriedade a importância da emoção do analista para a “Talking Cure”, idéia de Breuer, como precursora da psicanálise.
Nietzsche em Zaratrustra expressa seu sentimento de ser um homem fora de seu tempo e que portanto, só lhe resta o isolamento. Embora tomado como nihilista, Nietzsche fala de um deus morto para se referir à solidão de um homem dissociado de sua alma.
Anna Ó foi fundamental para a formulação do conceito de transferência e contratransferência Freudiano. No conceito freudiano o complexo de Édipo era o fulcrum dos processos transferenciais. Jung não elege um complexo em particular como fundador da transferência mas reconhece a transferência como fulcrum da análise. Para Jung a psique se projeta em busca da humanização de seu potencial arquetípico. A projeção é ingrediente da transferência e da contratrasnferência mas Jung não dá primazia a um complexo em particular na transferência. No Livro de Irvin Yalom a identificação projetiva, conceito de Melanie Klein também está presente como ingrediente do processo transferencial. A integração do consciente com o inconsciente aparece em todos os autores referidos como fundamento da cura analítica. Freud e Jung se separam quanto aos seus conceitos de inconsciente. Para Jung existe o inconsciente coletivo, acervo da memória ancestral e do potencial arquetípico. A transferência é também arquetípica.
Se Jung , Freud, Breuer, e Nietzsche tivessem prosseguido seu diálogo sem que o rompimento de Freud e Jung tivesse ocorrido em 1913 , talvez pudessem reconhecer mais pontes entre suas teorias.